sábado, 20 de abril de 2024

CONJECTURA SOBRE A ESTABILIDADE TENDENCIAL DA TAXA DE LUCRO DO CAPITAL.

Postulamos na publicação anterior que o teorema de Okishio poderia ter fundamento no decréscimo da composição orgânica do capital, decorrente da diminuição dos valores das mercadorias que integram o capital constante, bem assim o aumento histórico do valor da mercadoria força de trabalho, que integra o capital variável, tudo em consonância com o desenvolvimento tecnológico que aumenta a força produtiva do trabalho. 

Faz-se mister aduzir, todavia, no que pertine ao valor da força de trabalho, o quanto segue:

Tal valor é, como para todas as mercadorias, uma média social, mas enquanto o desenvolvimento tecnológico e o decorrente aumento da força produtiva do trabalho diminuem o valor das demais mercadorias, ele incrementa o valor da força de trabalho, pois a maior qualificação do trabalhador em ramos como, verbi gratia, a produção de software, exige um maior tempo de produção dessa mercadoria força de trabalho, mediante um aumento do tempo despendido na formação escolar, fora do âmbito meramente familiar. 

Ora, se aumenta o valor da força de trabalho, a taxa de mais-valia diminui, o que compensa o decréscimo da composição orgânica do capital acima suscitada. 

Logo, a taxa de lucro do capital pode tender a permanecer estável com o respectivo desenvolvimento técnico, ou a diminuir, como previu Marx.

A estabilidade tendencial da taxa de lucro parece menos paradoxal do que seu declínio tendencial, eis que o capitalista individual não teria incentivo para investir em melhoria técnica se seus lucros diminuíssem.

Hipótese também a conferir. 





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.  


Um comentário: