Adam Smith acreditava piamente nos indivíduos, a ponto de postular que, agindo em consonância com sua razão egoísta, alcançariam o bem comum, algo que se nos antolha um tanto paradoxal.
Jean Piaget não acreditava tanto assim nas potencialidades do ego individual, eis que descreveu o processo de desenvolvimento cognitivo dos indivíduos como uma paulatina descentração em relação ao seu próprio ego, desde o pensamento pré-operatório da infância, com indistinção entre sujeito e objeto do conhecimento, até o pensamento operatório formal, quando há evoluída distinção entre sujeito e objeto do conhecimento e o indivíduo, libertando-se das amarras egocêntricas, alcança o pensamento abstrato e universal.
Não se pode, segundo Piaget, confiar demasiado na razão egoísta do indivíduo quando se almeja o conhecimento objetivo e verdadeiro, de tal sorte que a crença solipsista de Adam Smith e dos liberais em geral pode conduzir, como conduz de fato, a catástrofes humanas.
Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador:
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