Outras Hipóteses Sobre as Tendências Históricas da Lei Econômica do Valor
Já tive a oportunidade de suscitar, alhures, a premissa conjectural de que a teoria marxista serve bem para determinar o valor das mercadorias, ao passo que a teoria marginalista parece eficiente na determinação do preço das mesmas.
Dada tal premissa conjectural, é mister aduzir que no livro primeiro de “O Capital”, de Marx, o dinheiro identifica-se ainda com o ouro, enquanto o preço das mercadorias ainda reflete imediatamente o seu valor, situação que parece corresponder a dado momento histórico remoto, coincidente com as corporações de ofício medievais e com os Estados mercantilistas.
À medida que os Estados nacionais fortalecem-se, que os bancos centrais institucionalizam-se e que o mercado de câmbio internacional aperfeiçoa-se, o dinheiro passa a ser emitido em papel-moeda por cada Estado, mas ainda com lastro em ouro (ao menos em primeiro momento, até que o dólar americano assuma o papel de lastro), sendo certo que, simultaneamente, os preços das mercadorias distanciam-se de seus valores.
Tal movimento histórico coincide com a subsunção cada vez mais substancial e generalizada do trabalho no capital, sendo paulatina e simultaneamente abandonada a mais-valia absoluta pela relativa e tanto maior a distância entre valor e preço das mercadorias, em razão mesmo da disseminação tecnológica e incremento das taxas de mais-valia relativa (vide meu artigo “Sobre valor e preço”, na revista Mouro, fundado no décimo capítulo do livro primeiro da obra máxima de Marx).
Demais disso, considerando-se a premissa conjectural acima aduzida, quanto maior a distância entre valor e preço das mercadorias, tanto mais efetiva a determinação marginalista de seus preços e menos efetiva a determinação de seus valores pelo tempo de trabalho socialmente necessário para a respectiva produção.
Dessume-se do acima exposto que a tendência histórica ao comunismo pressupõe, em certa medida, uma volta da coincidência perdida entre valor e preço das mercadorias, mediante a superação dos limites estatais à sua circulação em âmbito mundial.
Hipóteses a confirmar.
(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira)
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