AINDA
SOBRE A GRÉCIA E A EUROZONA.
É
mais ou menos inconteste que o poder da moeda de um país no mercado
internacional de câmbio reflete, em grande medida, o grau de produtividade de
sua economia nacional.
A
criação da Eurozona agregou, sob mesma moeda, distintos graus nacionais de
produtividade econômica, sem implementar uma verdadeira unificação federativa
de Estados membros, a saber, sem instituir um sistema tributário-fiscal e
bancário também único.
Isso
engendrou distorções sócio-econômicas muito graves na região do euro, com
intenso endividamento das economias periféricas, isto é, de baixa
produtividade, as quais tomaram relevantes empréstimos financeiros das
economias mais produtivas como Alemanha e França.
Com
a crise capitalista encetada em 2008, o mais endividado dos países da Eurozona,
a Grécia, sucumbiu definitivamente diante de seus credores europeus, levando a
uma crise da própria moeda única.
Em
razão disso, muitos advogam agora uma unificação institucional mais efetiva da
região do euro, com a formação de um verdadeiro Estado federado europeu, nos
moldes de Estados Unidos e Suíça.
Particularmente,
não acredito que uma unificação de jaez federativo seja a solução dos problemas
da Eurozona, pois o capitalismo tende a produzir disparidades regionais e
concentração de capital apesar das instituições estatais, como fica provado,
por exemplo, no caso do Brasil e mesmo no caso norte-americano, conquanto em
menor escala.
Observe-se
que a mitigação das disparidades regionais consta até como objetivo
constitucional da República Federativa do Brasil, desde 1988, mas acontece que
a divisão social e internacional do trabalho consiste em elemento inerente ao
capital, ou seja, ela é produto colateral da propriedade privada dos meios de
produção.
A
verdadeira unificação de que a Europa necessita encerra natureza mais radical,
a saber, a propriedade coletiva dos meios de produção nas mãos de todos os
trabalhadores europeus, mas isso já demanda uma modificação política
revolucionária anticapitalista que, decerto, ainda não está nas divisas dos
detentores do poder estatal da Eurozona.
Por Luis Fernando Franco
Martins Ferreira
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