HIPÓTESE MARXISTA PARA UMA LEI TENDENCIAL DO VALOR
Como cediço, o valor da mercadoria, para Marx, é determinado
pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la, mas essa média
social, em “O Capital”, restou indeterminada quanto ao espaço e quanto ao
tempo, vale dizer, não se atrela tal média social a qualquer limite concreto de
ordem espaço-temporal.
Urge, pois, aventar a hipótese de que esta média social é
tendencialmente mais ampla no espaço ao longo do tempo, a saber, ao longo da
história, conquanto se verifiquem também retrocessos contrários à tendência
histórica geral.
Destarte, podemos discernir alguns períodos históricos quanto
ao nível concreto em que se determina a média social que estabelece o valor das
mercadorias, a saber:
1) Nível local, no âmbito das corporações de ofício, quando
predomina a produção artesanal, o dinheiro ainda fica atrelado ao ouro e a
circulação de mercadorias é restrita também ao âmbito local;
2) Nível nacional, no âmbito dos
Estados-nações mercantilistas, quando predomina a produção manufatureira (com
subsunção meramente formal do trabalho no capital), circulação de mercadorias
muito restrita ao âmbito nacional e dinheiro ainda em forma metálica de ouro ou
prata;
3) Nível nacional ainda, mas com
maior desinibição da circulação internacional de mercadorias entre os
Estados-nações ditos “liberais”, predomínio da maquinaria e grande indústria
(com subsunção real do trabalho no capital) e dinheiro em papel-moeda nacionalmente
impresso.
4) Nível mundial, a ser alcançado no comunismo em todo o
planeta.
Observe-se que o dinheiro torna-se cada vez mais virtual
quanto ao seu suporte material, em razão da gradativamente menor quantidade de
trabalho consubstanciada nas mercadorias individualmente consideradas.
Por Luis
Fernando Franco Martins Ferreira.
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