Aprendi na escola que, na geometria bidimensional euclidiana, uma reta é sempre a menor distância entre dois pontos.
Marxista, sempre acreditei que esta geometria euclidiana, demasiado humana e pouco encontradiça na natureza, reflete na verdade o trabalho humano: ora, obter a menor distância entre dois pontos na geografia, verbi gratia, consiste em necessidade econômica, muito humana, demasiado humana.
Mas eis que leio, hoje, pela sempre brilhante perspectiva do matemático Marcelo Viana, o quanto segue:
"A simetria tem um papel relevante na biologia, pois permite que as características do ser vivo sejam descritas por um código genético mais curto: não é por acaso que diversos vírus - por exemplo, o HIV - têm forma de icosaedro, octaedro ou dodecaedro" (in jornal Folha de São Paulo, edição de 05 de junho de 2024)
Ora, se a natureza também economiza nos códigos genéticos atribuindo formas geométricas aos vírus, então a geometria pode não ser demasiado humana, mas a natureza também é certamente econômica, de tal sorte que o determinismo econômico postulado pelo marxismo adquire um significado mais amplo.
POR LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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