domingo, 2 de junho de 2024

FERNANDO NOVAIS

Fernando Novais é sem dúvida o maior historiador brasileiro vivo, e sua obra continua e continuará por muito tempo insuperável, malgrado as violentas contestações a propósito. 

Esse historiador insere-se na vertente historiográfica marxista brasileira inaugurada com a obra de Caio Prado Júnior, configurando uma sofisticação e lapidação de tal vertente, ao subsumir o processo de colonização do que hoje denominamos Brasil no modo de produção onde predomina a circulação simples de mercadorias, ou o dinheiro, consoante se dessume do livro primeiro de O Capital de Karl Marx, portanto uma época antediluviana que precede a infiltração do dinheiro no processo de produção de mercadorias com a subsunção real do trabalho no capital, típica da maquinaria e grande indústria. 

A presença de homens livres pobres na colônia portuguesa, que produzem para a própria subsistência e vendem o excedente, nas fímbrias da sociedade escravista composta por senhores e escravos, não refuta tal tese, mas, ao contrário, confirma-a.

As sucessivas relações de produção ao longo da história, assim como acontece com as espécies biológicas, incorporam e superam as relações de produção precedentes, transformando-as e as dominando, mas não as eliminam por completo. 

Portanto, resquícios de relações de produção feudais, baseadas na produção para subsistência com incipiente divisão social do trabalho, remanesceram no Brasil colonial de forma subsumida e dominada pela produção de mercadorias para a circulação simples do antigo sistema colonial, assim como remanescem ainda hoje no sistema capitalista maduro. 

Mas isto não refuta a tese da preponderância  socioeconômica, no Brasil colônia, do modo de produção típico da circulação simples de mercadorias no dinheiro, tal como não refuta a existência e predomínio do capitalismo hodierno.   

Fernando Novais permanece relevante e correto. 





por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.   

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