A hodierna revolução digital trouxe profunda subversão na tradicional divisão social do trabalho e, com isso, favoreceu o fenômeno político atual de ascensão vertiginosa da extrema direita e do fascismo no espectro da luta de classes.
Sem embargo, ocorreu uma transformação estrutural nesta divisão social do trabalho tradicional, máxime com o advento em larga escala do trabalho assalariado eminentemente intelectual engajado na produção de software, de tal sorte que a antiga fragmentação entre o capital (trabalho intelectual) e o trabalho assalariado (trabalho manual) dissipou-se em grande medida, inclusive com o surgimento de uma nova "aristocracia operária" de programadores assalariados, que se identifica politicamente mais com os patrões capitalistas, através da ideologia do empreendedorismo e do modus operandi de suas funções eminentemente intelectuais (decorrentes de uma maior escolaridade e, por conseguinte, maiores salários), do que com o tradicional operariado das fábricas da indústria de transformação física.
Destarte, o fascismo, como movimento político de massas de jaez extremista de direita, parece ter encontrado terreno fértil nesta subversão da tradicional divisão social do trabalho e na nova aristocracia operária acima aludidas, enquanto os partidos tradicionais da classe operária fabril, em declínio econômico e quiçá demográfico, arrostam dificuldades quanto à adaptação a essa nova conjuntura.
por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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