sexta-feira, 6 de junho de 2025

LOUIS ALTHUSSER, OU O ANTI-HUMANISMO TEÓRICO A SERVIÇO DO HUMANISMO PRÁTICO.

Enquanto perdurar a fragmentação da espécie humana em classes sociais antagônicas e Estados nacionais em permanente situação de beligerância recíproca, a humanidade remanescerá expressando um conceito teórico vago e vazio de significado, sem correspondência na prática concreta.

Mas tal fragmentação do homo sapiens decorre de relações de produção que seus representantes estabelecem entre si de forma heterônoma e alienada, e que governa seu destino histórico, à sua revelia, em razão de forças produtivas ainda pouco desenvolvidas, especificamente no que pertine à produção e reprodução da sua vida material.

Portanto, a teoria social apta a informar uma prática revolucionária capaz de superar tal fragmentação, decorrente de relações de produção heterônomas e alienadas, somente pode adquirir contornos de um anti-humanismo, no exato sentido em que capta a inexistência prática e concreta da humanidade, mas peleja por sua implementação em um novo modo de produção da vida material, denominado comunismo, que suplantará o que Marx sardonicamente designava "toda a velha merda", isto é, todos os modos de produção historicamente precedentes que perpetuavam a divisão da sociedade em classes sociais antagônicas e nações em guerra.

Para o grande teórico marxista Louis Althusser, os seres humanos, antes do advento do comunismo, são meros vetores de determinações estruturais do capital, daí seu anti-humanismo teórico, pois estes seres humanos são governados pelo capital, e não o contrário.

Mas essa postura teórica está plenamente a serviço do humanismo prático e revolucionário, que atingirá a humanidade concreta e verdadeira no comunismo.

Um anti-humanismo coerente e consequente, malgrado não de todo isento de problemas, na exata medida em que, se a humanidade atual é uma falácia como conceito vago e vazio de significado, a espécie biológica do homo sapiens é uma realidade, e anote-se que Karl Marx era admirador confesso de Charles Darwin. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

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