quarta-feira, 4 de junho de 2025

AINDA SOBRE AS APORIAS DA ORTODOXIA ECONÔMICA

O Brasil vive um período de bonança com elevação do PIB, aumento da renda salarial e boa parte da população superando a linha da pobreza para integrar a denominada classe média. 

Mas a ortodoxia econômica somente enxerga, nesse quadro auspicioso, a inflação resiliente, que, segundo seus arautos, corrói o poder de compra dos salários, máxime dos salários mais baixos. 

Portanto, segundo esses próceres da ortodoxia econômica, faz-se mister congelar... o salário mínimo!

Ora, a famigerada curva de Phillips, segundo eles, demonstra que a culpa da inflação recai sobre os salários muito altos, de modo que é preciso reduzi-los para controlar a inflação, que corrói esses salários!

Em suma, a ortodoxia econômica é um círculo vicioso de aporias sem fim, um embuste, na verdade.

Os altos salários e o baixo nível de desemprego somente provocam inflação de modo indireto, na medida em que os empresários não podem reduzir tais salários, para anular a tendência declinante de suas taxas de lucro, em razão da alta demanda do capital por força de trabalho, restando-lhes então aumentar os preços da mercadorias por eles produzidas, o que resulta em inflação. 

Enfim, é a necessidade imperiosa de manter a taxa de lucro que provoca inflação, e não os altos salários. 

Enquanto não houver uma política de resolução das acintosas desigualdades sociais no país, com redução dos lucros e aumento dos salários de forma duradoura e estrutural, o Brasil permanecerá sendo a nação de pior distribuição de renda do mundo e assolado pela inflação. 

Dedico este singelo texto ao professor Luiz Eduardo Simões de Souza, que me alertou sobre as armadilhas da curva de Phillips.




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

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