quarta-feira, 11 de junho de 2025

O VERDADEIRO TRAÇO DISTINTIVO DA FORÇA DE TRABALHO DIANTE DAS DEMAIS MERCADORIAS.

O verdadeiro traço distintivo da força de trabalho diante das demais mercadorias não reside, como geralmente se supõe, no seu valor de troca, mas radica no seu valor de uso. 

Vejamos. 

Com o advento da subsunção total do trabalho no capital desde a hodierna revolução digital, que submeteu a força de trabalho em todas as suas potencialidades, tanto físicas quanto intelectuais, aos capitalistas, percebeu-se que o valor dessa força de trabalho determina-se, sim, pelo tempo de trabalho humano socialmente necessário para produzi-la, nomeadamente o trabalho assalariado dos professores, máxime quanto à produção da força de trabalho eminentemente intelectual engajada no programação de software, essa mercadoria por excelência da revolução digital. 

Nesse diapasão, não há mais como cogitar em determinação do valor da força de trabalho pelo valor dos meios de subsistência necessários ao trabalhador médio, como se supunha, de tal sorte que seu valor de troca, portanto, não distingue a força de trabalho das demais mercadorias. 

O que a distingue é seu valor de uso. 

Com efeito, tal valor de uso da força de trabalho, isto é, seu desgaste produtivo e objetivo no efetivo trabalho, encerra como escopo a satisfação das necessidades diretas do capital, nomeadamente a extração de mais-valia, e não, como acontece com a demais mercadorias, a satisfação de necessidades humanas diretas.

Mas é mister aduzir que este valor de uso da força de trabalho também se modifica, como acontece com as demais mercadorias, pois se o trabalho inicialmente exibia-se eminentemente físico ou manual, o curso da história encarregou-se de transformá-lo em trabalho eminentemente intelectual, máxime na atual produção de software. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

Um comentário:

  1. Dúvida: afirmar "se o trabalho inicialmente exibia-se eminentemente físico ou manual, o curso da história encarregou-se de transformá-lo em trabalho eminentemente intelectual, máxime na atual produção de software" não exagera o papel da produção intelectual frente a um mundo ainda muito dependente do trabalho manual? Mesmo nas plataformas digitais mais poderosas, suor e esforço físico ainda são fundamentais para criar valor. Ou não?

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