quarta-feira, 11 de junho de 2025

O CAPITAL NO SÉCULO XXI

Não, não comentarei aqui a brilhante obra do exímio economista francês Thomas Piketty, mas pretendo encetar uma singela provocação teórica. 

Sim, demorou dois séculos e meio desde a primeira grande revolução industrial, a inglesa do século XVIII, mas o modo capitalista de produção enfim superou os seus pródromos, com resíduos escravistas e, neste século XXI, foi finalmente inaugurado em sua plenitude.

Com a revolução digital hodierna, o capital completou a subsunção do trabalho, e a mercadoria consubstanciada na força de trabalho enfim adquiriu plena maturidade em todas as suas potencialidades, tanto físicas quanto intelectuais, com expungir a teoria marxista do valor de todas as suas aporias e tautologias, pois agora o valor de tal força de trabalho é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção, e não mais pelo valor dos meios de subsistência necessários ao trabalhador médio.

Ora, esta aporia na teoria marxista do valor, como já vimos aqui neste portal eletrônico por diversas vezes, decorria da incipiente formação ou desenvolvimento do capitalismo, em que a força de trabalho eminentemente manual não exigia sua produção CAPITALISTA pelo trabalho assalariado dos professores no âmbito escolar ou acadêmico, mas era produzida de forma antediluviana e NÃO CAPITALISTA no âmago do ambiente familiar ou doméstico, de tal sorte que, a rigor, não exibia valor, nem era de fato uma mercadoria, mas o respectivo trabalhador era pago por um salário correspondente aos seus meios de subsistência mínimos, como os escravos antigos e modernos. 

Mas no escravismo colonial, verbi gratia, tão bem estudado pelo nosso saudoso professor e mentor Jacob Gorender, os proprietários de escravos pagavam, pela sua aquisição, o custo de sua escravização, ou do processo de separação violenta do trabalhador em relação aos seus meios de produção, algo que na Europa ocorreu de forma socialmente massiva com a acumulação primitiva de capital.

Enfim, estamos somente no começo do capitalismo, o que não lhe remove o jaez iníquo e ineficiente, cabendo sua superação histórica por um modo de produção superior.

Hipóteses sub judice. 

Este singelo texto provocativo é dedicado ao camarada CARLOS OTÁVIO SANTIAGO.




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

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