Diviso três grandes fases históricas do modo capitalista de produção, a saber:
1. Subsunção formal do trabalho no capital: período da manufatura, do século XV ao século XVIII, quando ocorre a grande revolução industrial inglesa;
2. Subsunção real do trabalho no capital: período da maquinaria e grande indústria, do século XVIII ao século XX, ainda com predomínio do trabalho eminentemente manual;
3. Subsunção total do trabalho no capital: a partir do século XXI, com a revolução digital e o advento da assim denominada inteligência artificial, quando todas as potencialidades do trabalho, tanto físicas quanto intelectuais, ficam submetidas ao controle do capital.
Observo e destaco que a teoria marxista do valor somente adquire sua expressão e desenvolvimento máximos na fase 3, parecendo lícito ventilar que tal teoria incorreu em aporia e tautologia ao postular que o valor da força de trabalho como mercadoria é, distintamente das demais mercadorias, determinado pelo valor dos meios de subsistência necessários ao trabalhador médio, e não diretamente pelo tempo de trabalho humano socialmente necessário à sua produção e reprodução.
Esta tautologia foi superada histórica e praticamente com o advento da fase 3, quando o trabalho eminentemente intelectual, engajado na produção de software, passou a demandar uma força de trabalho respectiva produzida pelo trabalho assalariado dos professores no âmbito escolar e acadêmico.
Destarte, a partir da fase 3 é possível calcular com certa precisão numérica o que denomino taxa social de mais-valia, que corresponde ao tempo de vida útil médio de trabalho, subtraído pelo tempo de formação da força de trabalho, cujo resultado é divido por este mesmo tempo de formação da força de trabalho.
No caso do Brasil atual, por exemplo, a Previdência Social, mediante cálculos atuariais, prevê um tempo de vida laborativa médio, para o trabalhador do sexo masculino, de 35 anos, os quais, subtraídos pelos 21 anos de formação familiar e escolar da força de trabalho respectiva, resultam em 14 anos, os quais, dividos pelos 21 anos de formação da força de trabalho, resultam em uma taxa social de mais-valia de 0,67, ou dois terços.
Os elementos acima esgrimidos foram extraídos de textos precedentes publicados neste portal eletrônico.
por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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